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Assédio na Cozinha: Quebrando o Silêncio e Servindo Respeito

  • Foto do escritor: Editorial Revista Bonapetit
    Editorial Revista Bonapetit
  • 9 de ago.
  • 3 min de leitura
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Nos bastidores das cozinhas profissionais, onde o calor dos fogões se mistura à pressão por excelência, existe um problema tão silencioso quanto corrosivo: o assédio no ambiente de trabalho. Entre panelas e facas, há histórias que nunca deveriam fazer parte do cardápio, mas que, infelizmente, ainda são servidas diariamente.


O assédio pode assumir múltiplas formas — desde o assédio moral, caracterizado por humilhações públicas, gritos, piadas depreciativas, apelidos pejorativos e cobranças abusivas; até o assédio sexual, que se manifesta em comentários de conotação sexual, toques indesejados, convites constrangedores ou insinuações persistentes. Outros termos que ajudam a identificar a prática incluem:

  • Microagressões: atitudes sutis, mas constantes, que desvalorizam o profissional.

  • Cultura do medo: ambiente em que o silêncio é imposto para evitar retaliações.

  • Gaslighting profissional: manipulação psicológica para fazer a vítima duvidar de sua própria percepção ou competência.

  • Autoritarismo abusivo: uso do poder hierárquico para intimidar ou subjugar.

Muitos chefs, cozinheiros, auxiliares e até sommeliers acabam normalizando certas condutas por acreditarem que “faz parte da cultura da cozinha”. Essa tolerância silenciosa, porém, mantém viva uma tradição tóxica que fere carreiras, autoestima e saúde mental.


Como agir diante do assédio:

  1. Reconhecer a situação – Identificar que determinado comportamento ultrapassa o limite do respeito profissional é o primeiro passo.

  2. Registrar as ocorrências – Guardar mensagens, e-mails, gravações (quando permitido) e anotar datas, horários e testemunhas.

  3. Buscar apoio interno – Acionar o setor de RH ou responsáveis pela gestão. Em cozinhas menores, levar o assunto diretamente ao proprietário ou administrador.

  4. Recorrer a apoio externo – Sindicatos, conselhos profissionais e advogados trabalhistas podem orientar sobre medidas legais.

  5. Preservar a saúde mental – Procurar acompanhamento psicológico para lidar com o impacto emocional.


O combate ao assédio na gastronomia começa pela conscientização de que respeito e profissionalismo devem temperar cada prato servido. Uma cozinha saudável não é apenas aquela que segue normas de higiene e qualidade, mas também aquela que protege a dignidade de quem a mantém viva.


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Assédio Moral

Frases e condutas:

  • “Se não aguenta pressão, pede pra sair.”

  • “Você nunca vai ser um chef de verdade desse jeito.”

  • Humilhar o funcionário na frente da equipe ou clientes.

  • Trocar constantemente o profissional de função como punição velada.

  • Gritar, arremessar utensílios ou pratos próximos ao colaborador.

  • Comparar o desempenho de forma depreciativa: “Até um estagiário faria melhor que você.”

Assédio Sexual

Frases e condutas:

  • “Você só está nessa posição porque é bonito(a).”

  • “Com essa roupa, você quer me provocar?”

  • Toques não solicitados no ombro, cintura ou costas.

  • Convites insistentes para encontros fora do trabalho, mesmo após negativa.

  • Comentários sobre corpo e aparência: “Você devia mostrar mais o que tem.”

  • Ficar excessivamente próximo(a) na bancada sem necessidade.

Microagressões e Discriminação

Frases e condutas:

  • “Lugar de mulher não é na cozinha profissional.”

  • “Esse trabalho é pesado demais para você.”

  • Fazer piadas recorrentes sobre sotaque, origem ou religião.

  • Ignorar sugestões ou ideias da vítima sistematicamente.

  • Distribuir tarefas de forma desigual com base em preconceitos.

Gaslighting Profissional

Frases e condutas:

  • “Você entendeu errado, eu nunca disse isso.”

  • “Tá imaginando coisas, não foi nada demais.”

  • Alterar combinações de tarefas sem avisar, para depois culpar a vítima.

  • Negar ou distorcer feedbacks dados anteriormente para desestabilizar.

Esses exemplos ajudam profissionais a identificar claramente situações de assédio e diferenciar um ambiente de trabalho exigente de um ambiente abusivo.


Editorial Revista Bonapetit - 09/08/2025

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