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Dependência de Substâncias na Gastronomia: O Tabu que Precisa Ser Quebrado

  • Foto do escritor: Editorial Revista Bonapetit
    Editorial Revista Bonapetit
  • 18 de ago.
  • 2 min de leitura
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A vida dentro de uma cozinha profissional é intensa. O calor do fogão, o ritmo acelerado dos pedidos, a pressão por excelência e a falta de pausas criam um ambiente em que muitos cozinheiros buscam “atalhos” para aguentar o ritmo. E aqui está um dos maiores tabus da gastronomia: o uso de álcool, energéticos e até drogas como ferramentas de sobrevivência.


O que começa como um “auxílio momentâneo” para manter a energia ou aliviar a tensão, muitas vezes se transforma em dependência silenciosa. Energéticos que viram rotina diária, copos de álcool no fim do expediente para “desestressar”, substâncias mais fortes usadas para aguentar a madrugada… O resultado é um ciclo perigoso, que compromete não só a saúde do profissional, mas também a segurança e a qualidade do trabalho.

Esse é um tema difícil de ser discutido porque, por muito tempo, foi naturalizado. A ideia de que “cozinheiro bom é aquele que aguenta tudo” alimenta uma cultura tóxica, onde falar sobre cansaço ou fragilidade ainda é visto como sinal de fraqueza. Mas precisamos quebrar esse silêncio. Não se trata de julgar, mas de cuidar das pessoas que sustentam a arte da gastronomia.


O primeiro passo é abrir espaço para o diálogo. Cozinhas que promovem programas de conscientização, rodas de conversa e acesso a apoio psicológico criam uma rede de proteção. É fundamental que donos de restaurantes, gestores e líderes entendam que oferecer alternativas saudáveis — como pausas estruturadas, escalas humanas e incentivo a práticas de bem-estar — é tão necessário quanto bons insumos no estoque.

A prevenção não vem com dedo apontado, mas com empatia. Precisamos substituir a cultura do “aguente firme a qualquer custo” por uma nova mentalidade: “cuidar de quem cozinha é cuidar da própria cozinha”.


Afinal, não é apenas o cliente que merece uma experiência inesquecível à mesa — os profissionais que a tornam possível também merecem uma vida plena, saudável e longe das dependências que destroem talentos e sonhos.


Editorial Revista Bonapetit - Agosto-2025

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